segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

"NOVAS MÍDIAS AMEAÇAM O RÁDIO"

 


Tido por muitos como uma espécie de "primo pobre", o rádio persiste como um meio popular. Com o advento da televisão brasileira, na década de 1950, chegou-se a apostar na derrocada da mais antiga das mídias eletrônicas, cuja primeira transmissão oficial se deu em 7 de setembro de 1922 para apenas oitenta receptores importados e distribuídos pela sociedade carioca em uma ocasião histórica: o discurso do presidente Epitácio Pessoa em comemoração ao centenário da independência do Brasil. Hoje, o Brasil tem cerca de cinco mil emissoras de rádio legalizadas, metade das quais filiadas à Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert). Há também milhares de ilegais. De acordo com uma reportagem de Élvis Pereira e Tânia Monteiro, publicada pelo Estado de S.Paulo (9/8/2008), o país tem hoje cerca de 12 mil estações clandestinas. "Com pouco mais de R$ 2 mil é possível montar uma emissora cuja transmissão alcança 1 quilômetro", informa o jornal.Em época de eleição, pode-se multiplicar a ocorrência. "Pesquisas informais estimam a existência de cerca de 60 mil emissoras piratas em ano eleitoral. É um número estarrecedor", diz o jornalista e pesquisador Álvaro Bufarah, que ilustra a popularidade da antiga mídia com outro índice: "O IBGE concluiu que há aparelhos de rádio em 98% dos domicílios brasileiros."

DEFICIÊNCIAS E UM ALERTA

 Apesar do gigantismo (talvez também por isso), o rádio tem problemas crônicos. Exemplos: a desconfiança do mercado publicitário diante da divergência entre o número de inserções contratadas e aquele que é realmente veiculado; salários baixíssimos, em comparação com os "primos ricos", como a TV; o privilégio das concessões para os políticos; falta de planejamento, administração "familiar", "espontânea", para não dizer amadora.Absurdo não falta como matéria-prima para os estudos acadêmicos. Bufarah, por exemplo, está à frente de uma novidade. Ele é coordenador do curso de pós-graduação em Produção e Gestão Executiva de Rádio da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo.Jornalista pós-graduado em Política Internacional e com mestrado em Rádio, é pesquisador do núcleo de Mídia Sonora da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação) e integra, ainda, o grupo de estudos em História da Mídia em Rádio na Rede Alfredo de Carvalho e a Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), no núcleo de rádio.Profissional apaixonado, trabalhou na CBN, na Radiobrás e na Rádio Capital e para o serviço de língua portuguesa da Deutsche Welle. Atualmente, além de correspondente para os serviços em português da Voz da América e da Swissinfo, Bufarah é professor de rádio da FAAP e da Uninove (Universidade Nove de Julho).
 Matéria original do Observatório da ImprensaPor José Paulo Lanyi em 12/08/2008

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